quinta-feira, 24 de julho de 2008

Desporto deve fazer parte do serviço público de televisão

Felisbela Lopes defende divisão pelos vários canais


A RTP vai transmitir os jogos da Liga Sagres, o que já motivou o protesto do director geral da TVI. Numa altura em que decorre uma petição pela pluralidade desportiva na RTP, a professora do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho Felisbela Lopes apresenta a sua perspectiva sobre serviço público e desporto.




O serviço público de televisão deve ter desporto?

Sim, deve ter desporto. Deve ter futebol e outras modalidades. No futebol, deve ter os grandes desafios e os outros jogos. O deporto é parte integrante da nossa vida enquanto cidadãos. Se nós gostamos de desporto, porque é que a RTP deve subtrair essa área? Não deve. A visão contrária a esta é demasiado elitista e restrita do que é um serviço público. A televisão de serviço público não deve ser a preto e branco, direccionada para as elites, com uma programação que ninguém vê. Devemos dar às pessoas aquilo de que elas gostam, mas com conteúdos de qualidade.

Em que canal deve passar o futebol?

Quando estamos a falar da RTP, estamos a falar de vários canais. Os grandes jogos devem passar no Canal 1. A RTP deve bater-se pelos jogos da Selecção, porque são momentos de congregação de nós próprios enquanto nação. A RTP deve disputar esses jogos, podendo ganhar, ou não, essa disputa. Este ano perdeu o Europeu para TVI. Esta estação de televisão limitou-se a transmitir os jogos, sem qualquer enquadramento. Fez muitos cortes publicitários – o que significa que vendeu bem os jogos –, mas esqueceu-se do essencial, que era contextualizá-los. A TVI limitou-se, no final dos desafios, a fazer entrevistas à frente de um painel com marcas publicitárias. Contrastando com esta cobertura, a RTPN fez algo de mais interessante, que foi juntar nas "Noites do Euro", com Carlos Daniel e Luís Freitas Lobo, dois convidados que sabiam de futebol e conseguiam explicar o desenrolar do Europeu.

A RTP deve bater-se com os outros canais pela transmissão dos jogos?

Há tectos a partir dos quais um serviço público não deve ir, porque a RTP não tem muito dinheiro. Com orçamentos tão apertados, ao gastar muito dinheiro numa das áreas, é evidente que as outras se vão ressentir. E quando falamos dos outros sectores, estamos a falar quase de imediato da informação.

E em relação à Primeira Liga?

A RTP deve bater-se pela Liga até determinado tecto, tal como na Selecção. Em relação aos principais clubes, não me repugna que os principais jogos estejam no Canal1, se esse canal tiver uma programação diversificada. O futebol seria, assim, um programa entre outros.

Esses têm de ser jogos de competições internacionais ou jogos entre os grandes? Também se admite um jogo-treino?

Um jogo-treino não é tão admissível como um jogo dos grandes, dos importantes. Um jogo-treino no Canal 1 não será fácil de enquadrar no tal serviço público generalista, destinado a todos os portugueses.

E os outros clubes?

Todos os clubes querem a transmissão dos seus jogos, porque isso significa receitas para eles. Quando os clubes pequenos reclamam cobertura mediática, estão a reclamá-la por uma questão de visibilidade pública, mas também por uma questão de receitas. A este nível, penso que esses jogos não devem ser emitidos em canal aberto, porque já não abrangem um público assim tão diversificado. Porque é que se emite um jogo do Braga ou do Guimarães e não um desafio da Académica ou de outro clube? É muito difícil fazer este equilíbrio. O que a RTP poderia fazer era apostar num formato tipo "Liga dos Últimos" para os clubes intermédios. Poder-se-ia criar um formato regular que repescasse os clubes intermédios, com imagens dos jogos, tal como, num passado recente, fazia o "Domingo Desportivo". Por que não algo deste género para a RTP 2, que é direccionada para públicos segmentados?

Pode-se exigir o mesmo às estações privadas?


Não, porque elas não cumpririam isso. Os canais privados têm grande dificuldade em aceitar regras de engenharia de programação. Eles têm contratos pontuais com marcas e uma engenharia de programação com muitas regras não lhes dá flexibilidade de negociação.

Que avaliação é que faz do cumprimento do serviço público em matéria desportiva?

A RTP poderia fazer mais relativamente às outras modalidades. Elas poderiam ter maior visibilidade no serviço público de televisão. As outras modalidades estão na RTP 2, mas nem sempre nos horários mais adequados.

Eventualmente no Canal 1?

Aí, talvez ao nível dos noticiários. O "Telejornal" poderia dar mais atenção às outras modalidades. Mas se estamos a pensar no canal generalista público para a transmissão de eventos desportivos dessas modalidades, isso já não faz muito sentido. Estamos a falar de segmentos de mercado, pelo que as modalidades de públicos segmentados estarão mais vocacionadas para a RTP 2 ou para a RTPN. E isso pode aplicar-se até mesmo à Volta a Portugal em Bicicleta, só devendo estar no Canal 1 finais de percursos ou algo mítico como a subida à torre.

Os eventos desportivos podem ser pretextos para um trabalho mais aprofundado?

Um evento deste tipo pode fazer com que os programas de entretenimento montem palco num desses lugares, podendo também desencadear outra noticiabilidade nos telejornais. No Europeu, a SIC aproveitou as equipas que estavam no exterior a cobrir o evento para fazerem reportagens no local, como por exemplo do português que trabalha lá fora ou de determinada comunidade.

(Entrevista publicada a 22/07/2008, no Diário do Minho. Foto: Direitos Reservados)

1 comentário:

Anónimo disse...

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