Talvez por sermos um país com um vasto património, assistimos com demasiada indiferença ao delapidar do nosso espólio. Os nossos olhos já se habituaram. A nossa capacidade de perscrutar o que o mato e as paredes em ruínas escondem está adormecida.
Os espíritos sobressaltam-se cada vez que descobrimos que um quadro, uma escultura ou um manuscrito está em risco de ser vendido a alguém mais endinheirado. Embora não sabendo quem é o autor, num assomo de nacionalismo, exigimos a permanência do património dentro de portas.
As reivindicações são quase sempre dirigidas ao Governo, de olhos postos nas suas verbas milagrosas. Está a cair? Está a estragar-se? Está à venda? Se for importante, o Estado que intervenha.
Há, porém, quem recuse esta postura da mão estendida e ponha em prática uma filosofia muito mais interessante: se é importante e se é um património da comunidade, então vamos envolvê-la na preservação patrimonial.
A região tem alguns exemplos desta actuação, dos quais destaco o Museu de Alberto Sampaio (Guimarães) e a Basílica dos Congregados (Braga).
O museu vimaranense está a conseguir recuperar os seus frescos graças ao contributo dos mecenas, em vez de «esperar pelas verbas estatais». Esta é uma actuação pró-activa, que já tinha demonstrado ao abrir as portas à noite durante o Verão. Isto prova que mesmo estando dependentes do Estado, as instituiçõe não depender inteiramente dele. (Foto MAS)
Em Braga, o Movimento MaisCongregados meteu mãos à obra para a que as obras se fizessem. Amanhã, há visitas guiadas à Basílica, às 10h00, 11h00 e 12h00, incluindo às torres, onde a vista da cidade só por si justifica a participação nesta iniciativa. Mas esta é também uma oportunidade de ver como se está a recuperar um património classificado. Mais no Diário do Minho de hoje.
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