As “Conversas Improváveis” tiveram, ontem, a sua terceira edição, na qual tive o privilégio de participar, para analisar com o deputado Miguel Laranjeiro o tema “Jornalismo e Poder”.
Esta é uma iniciativa muito interessante, na medida em que é um importante estímulo para o debate, numa região onde a participação dos cidadãos na discussão da Polis nem sempre é uma realidade.
Um dos aspectos mais relevantes destas tertúlias é o facto de terem origem na dita sociedade civil. Pessoas ligadas a seis blogues uniram-se para suscitar a reflexão sobre vários temas, mostrando que o cidadão “normal”, sem estar ligado a organizações mais formais, como os partidos políticos, pode ter um papel importante na dinamização do espaço público.
Iniciativas como esta também contribuem para a afirmação dos blogues como um meio de promoção da reflexão sobre assuntos de interesse geral. Elas mostram que os blogues podem ser muito mais do que diários íntimos ou locais onde, sob a capa do anonimato, se diz mal de tudo e de todos. As “Conversas Improváveis” mostram que há pessoas preocupadas com temas transversais à sociedade, que estão a dar o seu contributo como cidadãos.
As discussões na blogosfera e as conversas em torno de uma mesa de café são dois níveis complementares de participação. Um não invalida o outro. A conjugação dos dois torna o debate mais rico, mais profundo e alarga a participação a diversos sectores da sociedade.
Há debates que se geram na blogosfera que depois têm continuidade em tertúlias. Quando os debates “reais” começam já há todo um historial de troca de argumentos na Internet, o que é uma base muito importante para o aprofundamento das reflexões.
Da mesma forma, as tertúlias podem ter sequência na blogosfera, alargando o debate a pessoas que por diversas razões não puderam ou quiseram estar presentes.
O facto de haver a discussão na blogosfera e “ao vivo” permite chegar a públicos diferentes. Há pessoas que não costumam participar nos debates na blogosfera, mas que vão a tertúlias, também se verificando o contrário.
A conjugação destas duas formas de participação contribui igualmente para a criação de uma dinâmica entre os próprios bloggers, mostrando que a Internet não precisa de ser necessariamente sinónimo de isolamento das pessoas em frente a um computador.
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