Reflexões em torno da comunicação, nas suas mais variadas formas, e não só. Um exercício de cidadania. Por uma jornalista, que será sempre a culpada. Pelo menos por aqui...
segunda-feira, 31 de março de 2008
É Segredo!
O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte lamentou, no aniversário da Universidade do Minho, que os últimos dados relativos à nossa economia datem de 2005, uma vez que «as estatísticas regionais são processadas com dois anos de atraso».
Posteriormente, na última Conversa Improvável, o docente do Departamento de Economia da academia minhota Fernando Alexandre e o arqueólogo Sande Lemos sublinharam o facto de, em Portugal, haver falta de dados para serem trabalhados.
O economista chegou mesmo a dizer que há académicos que simplesmente já não usam números portugueses nas suas investigações, pois aceder à informação é uma tarefa no mínimo hercúlea.
Isto significa que há um enorme desperdício de recursos, porque os investigadores poderiam trabalhar elementos relativos ao nosso país no seu percurso académico. Esses estudos, que seriam feitos de borla, estão a custar milhões ao erário público, uma vez que têm de ser encomendados.
Esta dificuldade em aceder à informação também é sentida pelos jornalistas no seu dia-a-dia e põe-se de uma forma mais flagrante para quem trabalha a nível regional ou local. Por um lado, as estruturas de Lisboa, por mais boa vontade que tenham, e a maior parte das vezes até têm, desconhecem as “pequenas” questões locais. Por outro lado, há serviços supostamente de proximidade que se enredam na sua (des)organização e burocracia nternas, não conseguindo responder em tempo útil ao que se lhes pergunta. Há quem, aliás, nem sequer se digne responder.
A coisa mais extraordinária que ouvi nos últimos tempos é que há dados relativos ao distrito que não podem ser divulgados porque estão sob “segredo estatístico”. Quem diz uma coisa dessas estará certamente a confundir o conceito, que é referido na Lei n.º 6/89 (D.R. n.º 88, Série I de 1989-04-15) e no Decreto-Lei n.o 294/2001 (D.R. n.º 269, Série I-A de 2001-11-20).
Como cidadã, desagrada-me profundamente que alguém use o alegado sigilo estatístico para me sonegar informação. Como jornalista, só me ocorre
uma frase que Sande Lemos disse no mesmo encontro promovido por bloggers: «Assim é um bocado difícil trabalhar».
(Publicado no Diário do Minho de 29/03/2008)
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