quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Toda a gente sabe…


Há alguns dias, um amigo comentava, em conversa de café, ter sabido que o irmão tem namorada graças à leitura do seu perfil no Hi5. Depois disso, a navegar na Internet, deparei-me com detalhes da vida supostamente privada de uma antiga colega de escola. A primeira reacção foi a de ler a página em causa. A segunda foi a de, a partir destes dois episódios, reflectir sobre uma realidade que faz com que saibamos da vida daqueles que nos rodeiam pelos meios de comunicação social e pela Internet.

Cada vez mais, a vida privada se transforma em algo público, mesmo que em causa estejam cidadãos “anónimos”. Já em 1994, muito antes da aparição do “Big Brother”, Manuel Fonseca, na qualidade de director de programas da SIC, afirmava que «as pessoas sentiram necessidade de se exibir, de aparecer, de protagonizar». E isso nota-se na forma como se expõe a vida pela Internet (mesmo com os riscos que isso acarreta) e na ânsia com que se chamam os “media”.

Muitas pessoas habituaram-se, numa lógica de espectacularização, a chamarem os meios de comunicação social em vez de contactarem as entidades competentes. Recordo-me de um telefonema de um leitor a dar conta de uma pessoa caída na via pública, junto ao Banco de Portugal, em Braga, supostamente em risco de vida. Isto sem que antes tivesse telefonado para o 112…

Da mesma forma que muita gente perdeu completamente o noção do que deveria ser público ou privado, também muitos jornalistas fizeram letra morta do Código Deontológico: «O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos, excepto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas».

A minha dúvida é se, nos dias que correm, não falta algum bom senso no que se expõe e no que se mantém na esfera íntima…

14/07/2007

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