Enredados

Já ouviu falar de Allison Stokke? Allison Stokke é uma americana de 18 anos que se viu envolvida numa “estória” que nos dias de hoje poderia acontecer a qualquer um de nós.

O enredo envolve, neste caso, uma atleta de salto à vara que viu uma fotografia, tirada em 2005 para um “site” de atletismo, ser reproduzida centenas de milhares de vezes na Internet, sem que para isso tenha feito qualquer esforço. Sem que o tenha desejado, a jovem viu-se confrontada com a sua imagem a correr o mundo, com vida própria. De atleta e estudante, Allison Stokke passou a “sex symbol”, sem perceber como.

Casos como este servem para nos mostrar que a Internet é cada vez mais um fenómeno incontornável e para nos lembrar que o mundo virtual pode ter consequências bem reais.

Um estudo da empresa americana comScore indica que cerca de 122 milhões de europeus com mais de 15 anos acedem à Internet todos os dias. Em Portugal são aproximadamente 1,7 milhões os que se ligam diariamente. Entre tanta gente, não há seguramente só “bons da fita”.

A McAfee, uma empresa de software de segurança informática, diz que cerca de quatro por cento dos “sites” são perigosos, podendo pôr em risco a segurança dos computadores e de quem os usa. E apresenta um dado surpreendente: é mais arriscado procurar música na Internet do que pesquisar pornografia.

A questão da segurança é particularmente pertinente se tivermos em conta que um estudo da empresa Garlik refere que, num universo de 500 crianças britânicas entre os oito e 15 anos, 20 por cento já se encontraram com um amigo virtual e apenas sete por cento dos pais souberam disso. A investigação mostra ainda que 40 por cento visita “sites” expressamente proibidos pelos pais.

Muitos adeptos incondicionais das novas tecnologias viram – e alguns ainda vêem – na Internet a panaceia para todos os males, desde a pobreza e exclusão até às assimetrias. Os mais cépticos recomendam prudência, para que não fiquemos enredados na rede global.

26/06/2007