O investigador Silvino Évora defende que, no contexto português, «a luta pela liberdade de imprensa passa por compreender a economia dos media e os processos subjacentes ao próprio negócio da comunicação social».
«É imprescindível que se perceba, por um lado, que a autonomia financeira dos órgãos de comunicação é muito importante, mas, por outro, deve evitar-se que o sector dos media se transforme num campo estritamente económico, onde as empresas batalham unicamente pelo lucro», afirma.
O mestre em Ciências da Comunicação argumenta que a ânsia de lucro dos meios de comunicação social, apesar de importante, «não deve ser a orientação exclusiva das empresas mediáticas, transformando o serviço público em algo marginal».
«A empresa privada é necessária, porque a experiência mostra a forma como o Estado trata os meios de comunicação social. Tem, no entanto, de haver limites à concentração. Quando, num país, são apenas quatro, ou menos, a ter o controlo quase total dos órgãos de comunicação mais importantes, há de alguma forma um oligopólio da opinião», diz.
Silvino Évora alerta que, «em Portugal, o exercício de harmonizar a actividade económica dos media com a necessidade pública de informação de qualidade é uma tarefa cada vez mais necessária e indispensável».
Na sua opinião, esta questão é particularmente importante porque o «público não tem a verdadeira noção do problema» que se põe com a concentração. «O público está longe de conhecer o que lhe é negado. Conhece o que lhe é dado, mas está longe de fazer ideia do que lhe é negado, do que se passa no interior das redacções», salienta, defendendo que também os jornalistas têm «poucas ferramentas para fazer face ao problema».
21/01/02007 (data de publicação)
Sem comentários:
Enviar um comentário