quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

De fundilhos na cadeira


No passado dia 25, na Rua Nova de Santa Cruz, em Braga, alunos da Universidades do Minho e do Instituto Superior de Engenharia do Porto envolveram-se em confrontos, num episódio com muitas versões. Pó de extintor ou gás pimenta, paus de marmeleiro ou colheres de pau típicas da praxe portuense, heróis ou cobardes são algumas das interrogações que ficam, especialmente depois de se lerem os imensos comentários que os estudantes foram colocando no ComUM.

Às primeiras notícias, que davam conta de uma rixa envolvendo mais de 200 jovens, surgiu no blogue Avenida Central o comentário mais brilhante sobre o caso. T. Frada alertava: «Vai-se a ver e eram só quatro estudantes... Bem, na verdade, eram dois... Melhor, eram dois e não eram estudantes, eram velhinhas que estavam a lutar... Quer dizer, não era a lutar, estavam a insultar-se, aos berros... Ou então, isso, isso, estavam a tentar conversar, só que como já não ouvem muito bem... Pronto, em suma, foi uma rixa com milhões de estudantes».

Este comentário chama a atenção, com um excelente sentido de humor, para a desconfiança crescente em relação ao que se vê nos órgãos de comunicação social. Existe, aliás, a moda de dizer mal dos jornalistas, argumentando que inventam declarações, que deturpam os factos, que são incultos e outros mimos do género.

E a verdade é que, perante estes ataques, os jornalistas continuam a dar repetidamente o flanco. Basta ver a “estória” de um jornal que recebeu um comunicado, tratou a informação, publicou o artigo e nem sequer pensou sobre aquilo que estava a dizer, que é relatada por Victor Ferreira no Prometeu .

A triste realidade é que há cada vez mais jornalismo feito com os fundilhos na cadeira, à custa de muitas fontes oficiais e sem investigação.

Mas será que não nos devemos interrogar sobre o que se passa a montante? Será que as redacções têm pessoal que chegue? Será que os jornalistas têm o tempo de que precisam para tratar a informação? Será que, por vezes, os profissionais não precisam de puxar pela “estória” para conseguirem ter dinheiro ao fim do mês para as contas básicas? Será?...

05/11/2007

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