Reflexões em torno da comunicação, nas suas mais variadas formas, e não só. Um exercício de cidadania. Por uma jornalista, que será sempre a culpada. Pelo menos por aqui...
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
De braços cruzados?
O Provedor do Telespectador da RTP recebeu, em apenas um ano, cerca de 20 mil mensagens. Este número foi revelado por Paquete de Oliveira durante o 5.º Congresso da SOPCOM – Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, que decorreu na Universidade do Minho, subordinado ao tema “Comunicação e Cidadania”.
Este responsável alertou, no entanto, que muitas das mensagens que recebe revelam mais a faceta do «espectador-consumidor do que do espectador-cidadão», apelando a uma «participação mais activa e selectiva». «O exercício de cidadania é um processo inacabado e deve ser ininterrupto, exaustivo e exercido de forma responsável», afirmou.
Já esta semana veio a público que, no primeiro semestre deste ano, os consumidores registaram mais de 47 mil queixas nos livros de reclamações, tendo 32 mil sido encaminhadas para a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (quanta da visibilidade da ASAE se deve a uma aguerrida política de comunicação, que passa por fazer o trabalho e concomitantemente mostrar até à exaustão o que foi feito?).
A questão que estes valores levantam é a de saber se em vez de sermos verdadeiros cidadãos não estaremos apenas a ser fieis defensores dos nossos umbigos. Será que reclamamos apenas quando sentimos que nos estão a meter a mão no bolso, quando nos sentimos pessoalmente afectados? Ou será que nos preocupamos com uma participação mais abrangente, de olhos postos no bem geral?
O que é que fazemos quando os documentos estão em consulta pública? Apresentamos às entidades competentes as reclamações que vociferamos em conversa de café? Conhecemos os deputados que elegemos e exigimos que eles desempenhem correctamente a função para a qual foram eleitos?
Os novos meios de comunicação acarretam muitos desafios, mas abrem indubitavelmente novas possibilidades para a nossa actuação enquanto cidadãos. Saibamos aproveitar o momento, na certeza de que teremos todos a perder se ficarmos alegremente de braços cruzados à espera que outros desempenhem o nosso papel.
21/09/2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário