quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

As regras do jogo


Um autarca confidenciava, há algum tempo, no final de um debate sobre a imprensa, que uma das suas principais preocupações era que o gabinete de comunicação da “sua” Câmara não desse erros ortográficos ou de sintaxe. É que, argumentava, se tal acontecesse, o comunicado seria publicado tal e qual nos jornais… só que com a assinatura de jornalistas. O que, obviamente, em seu entender, daria má imagem do concelho.

Este desabafo do edil traduz uma tendência que alguns investigadores têm destacado na relação que se estabelece entre jornalistas e fontes de informação. Manuel Carlos Chaparro diz mesmo que houve uma «revolução» ao nível das fontes, uma vez que elas tomam cada vez mais a iniciativa e são profissionais na abordagem.

Érik Neveu sugere a metáfora aquática dos «jornalistas submersos por um dilúvio de informações proveniente das fontes» para substituir a tradicional imagem do jornalista com um comportamento activo para se abastecer de informação, que é sugerida pela metáfora da fonte de informação.

Numa altura em que as redacções são inundadas com os mais diversos comunicados já não faz sentido, tal como lembra Manuel Pinto, encarar as fontes como «algo que nasce do nada» ou que «estão por aí, na lisa planície verde ou no côncavo da encosta arborizada, à espera de uma visita, quem sabe, de algum romance».

A realidade é esta e o autarca – tal como quase todos os outros – preparou-se para as “regras do jogo”. É ponto assente que as fontes profissionais já fizeram o trabalho de casa. Será que as redacções também?

21/04/2007(publicado no Diário do Minho)

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