domingo, 20 de junho de 2010

Cuidados continuados

Braga foi palco da assinatura de 73 protocolos do Programa Modelar 2, que vão permitir a criação de mais 2.149 lugares de internamento na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, antecipando para 2013 a meta que o Governo tinha apontado para a 2016 de cobertura total do país por estruturas desta natureza.

Este investimento de 130 milhões de euros, assegurado em grande parte pelas instituições que apresentaram os projectos, é da maior importância porque vem responder a uma necessidade efectiva que a população sente de ter locais onde quem precisa de cuidados de média ou longa duração possa ter o atendimento mais adequado às suas necessidades específicas.

Todos certamente conheceremos casos de famílias que ficaram sem saber o que fazer para proporcionar os melhores cuidados a um ente querido que subitamente começou a precisar de ajuda especializada. E estes casos têm tendência a multiplicar-se à medida que se regista o aumento da esperança de vida e de algumas patologias das sociedades “modernas”.

Por outro lado, o alargamento da rede permitirá criar estruturas de cuidados continuados em todo o território nacional, o que evitará o afastamento dos doentes dos locais onde vivem. A institucionalização representa uma alteração radical na vida de uma pessoa, que pode ser ainda mais traumatizante se o doente se vir longe dos familiares e das pessoas com as quais está habituado a conviver diariamente.

Daí a importância do anúncio que a ministra da Saúde fez de que é prioritário «cuidar no domicílio e apoiar as famílias», pelo que nos próximos três anos será desenvolvida «a implementação em todos os centros de saúde de equipas de cuidados continuados integrados domiciliários, reforçando-as e qualificando-as para esta visão integrada de cuidados em todo o país».

Esperemos que este projecto não seja apenas mais uma acção de propaganda do Governo, pois em muitos casos a institucionalização apresenta-se hoje como a única resposta que as famílias conseguem encontrar devido à falta de soluções que permitam manter o doente em casa. Mas também é verdade que, infelizmente, em muitas situações, “depositar” quem necessita de cuidados em instituições é a forma mais fácil de se livrar de um problema, mesmo que a patologia não exija uma medida tão drástica.


[Publicado no Diário do Minho, 6 de Junho de 2010]

3 comentários:

M. disse...

Consta que, com a "crise" e o desemprego de longa duração, muitas famílias estão agora a ir buscar os seus idosos aos lares, para lhes ficarem com a pensão...
Bjs,
Madalena

esqueci a ana (ex-ana) disse...

Deixo aqui uma informação que pode ser útil para a autora ou visitantes deste blogue. Concurso dirigido a jornalistas:

http://www.acs.min-saude.pt/cnsm/2010/05/24/2premio_jornalismo_saude-mental/

Receitas para a Felicidade disse...

Estou a tirar o curso de Geriatria , já estou no 2º ano e finalmente vamos estagiar. A área que escolhi foi precisamente os cuidados continuados e é aí nessa área que pretendo dedicar a minha vida, depois da minha familia claro. A Geração Sénior é, infelizmente, aquela que nos nossos dias está a ser desvalorizada, esquecida e ....abandonada. Quero ajudar, de forma singela, a mudar mentalidades e ajudar a valorizar de novo os nossos queridos idosos.