terça-feira, 6 de julho de 2010

Esmagados pelos impostos

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Uma sondagem da Universidade Católica revela, segundo o “Diário de Notícias”, que 78 por cento dos eleitores acham que nos próximos meses vai haver novos aumentos de impostos (a somar aos que já entraram em vigor para o IRS e o IVA). Contudo, 80 por cento dos inquiridos rejeitam esta medida (46 por cento dizem estar em “completo desacordo” com tal possibilidade e 34 por cento em “desacordo”).

Os portugueses começam a sentir-se completamente esmagados pelos impostos. Quem trabalha tem a clara sensação de que não vale a pena o esforço porque uma parte de leão do dinheiro ganho vai para o IRS e para a Segurança Social. Olhar para um recibo de vencimento é um momento verdadeiramente deprimente, mesmo para quem, por uma questão de princípio, defende que todos devem contribuir para o Estado. Mas esta é apenas uma pequena parte do dinheiro que os múltiplos e cada vez mais asfixiantes impostos e taxas levam dos portugueses...

A situação é especialmente revoltante porque os cidadãos cumpridores não vêem o seu dinheiro a ser bem utilizado. O sistema de saúde parece estar demasiado longe das necessidades das pessoas, o ensino público leva machadada atrás de machadada,  a justiça é uma área que assusta pela sua ineficiência e as forças de segurança são muitas vezes transformadas em caçadores de multas. A juntar a isto há uma máquina do Estado perdulária, que não se preocupa verdadeiramente com a diminuição da despesa, um sistema que premeia os “boys”, gritantes desigualdades territoriais na afectação de recursos, etc., etc., etc..

Por outro lado, há uma perturbadora diabolização de quem ganha dinheiro honestamente, como se a acumulação de riqueza fosse algo intrinsecamente mau. Embora sem pôr em causa o princípio da solidariedade, há que perceber que a fixação de impostos demasiado elevados desincentiva a criação de riqueza. E, assim, com uma medida que supostamente deve ajudar o país a sair da crise, corremos o risco de ficar numa situação ainda pior...

[Publicado no Diário do Minho, 4 de Julho de 2010]

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