Um mês depois do início do ano lectivo, já é possível fazer um balanço muito positivo das aprendizagens conseguidas na Universidade do Minho. Neste período, houve momentos que serão certamente marcantes na história da praxe.
O novo “papa” da academia – figura de topo na hierarquia da praxe – começou por afirmar, ao jornal “Académico”, que quem reprova «ganha outra maturidade» e «sensibilidade». Estas declarações, proferidas por alguém com 31 anos, vão contra todo o ideário associado à universidade como sinónimo de transmissão do saber.
Se é certo que os tempos de universidade não devem ser apenas dedicados à aquisição de conhecimentos “técnicos”, a indexação da maturidade ao número de reprovações revela um entendimento da instituição universitária que não tem certamente correspondência com a cultura da excelência que deve ser cultivada nos estabelecimentos que se afirmam de ensino superior.
Esta é uma mensagem demasiado medíocre para alguém que está no ponto mais alto da estrutura e que, como tal, possui um capital simbólico não negligenciável.
Posteriormente, ficou-se a saber que o “cabido de cardeais” terá decretado “blackout” aos meios de comunicação social porque não terá gostado de uma reportagem emitida por uma estação de televisão.
Como qualquer organizador de festas, também os membros deste organismo são livres de convidar quem quiserem e de falar com quem lhes apetecer nas iniciativas que promoverem em espaços privados. A questão não é tão linear quando as actividades se passam num espaço público, afectando a vida normal das pessoas.
Da mesma forma, também não é assim tão simples querer que os estudantes universitários se mantenham em silêncio apenas porque um número de colegas, por acaso mais velhos e que já reprovaram, logo supostamente mais maduros, decidem.
Passar uma mensagem de falta de cultura democrática e copiar os piores modelos que existem no relacionamento com os jornalistas não dignifica a academia. Actuações como as que se verificaram no início deste ano lectivo apenas dão argumentos a quem ataca ferozmente a praxe e a estrutura de poder (dominação?) que lhe está associada. Pela minha parte, em relação à praxe, defendo que o que é da alçada criminal assim deve ser tratado. Sem contemplações.
[Artigo publicado no Diário do Minho de 22 de Outubro de 2008]
2 comentários:
Posto isto, é-me digno afirmar que os alunos é como o vinho do Porto, quanto ais velhos mais maduros e sensíveis!
Todos os dias aprendo uma coisa e hoje aprendi esta.
Parabéns pelo artigo!
Oportuno, incisivo, objectivo,interessante e imparcial! Tudo aquilo que se quer em qualquer trabalho jornalístico!
Quanto ao tema, a "HIERARQUIA" instituída parece no mínimo Sui Generis (eufemisticamente falando)!
Só mostra a maneira brilhante como se começa desde cedo a premiar a mediocridade,a punir o sucesso e a cultivar sentimentos tão nobres como a inveja,maldade e prepotência!
Alias, a teoria da conspiração demonstrada pelo pensador em causa em declarações ao ComUm prova-o.
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