segunda-feira, 21 de abril de 2008

“Media” transmitem imagem redutora das mulheres


Reflexão sobre feminismo na Universidade do Minho

A comunicação social transmite uma imagem redutora das mulheres. A publicidade apresenta a mulher quase exclusivamente como um corpo visual cheio de conotações eróticas e sexuais. Também ao nível da informação se nota que há tratamentos diferenciados consoante o sexo, com se viu na forma como Kate McCann foi tratada. A educação pode ser a via para mudar esta realidade, uma vez que o facto de haver mais mulheres a trabalhar nos “media” não acarreta necessariamente uma mudança no discurso que é produzido.

Estas ideias foram defendidas por especialistas em Ciências das Comunicação da Universidade do Minho, num debate promovido pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) e moderado por Carla Cerqueira, no âmbito da Feira Pedagógica, que decorreu esta semana no Campus de Gualtar.

A investigadora Silvana Mota Ribeiro falou da análise que fez das imagens publicitárias publicadas pelas revistas femininas portuguesas, para afirmar que a mulher é apresentada como «uma superfície estética, que nada faz, que surge isolada dos outros, em cenários abstractos», enquanto a imagem do homem é muito mais activa. «O que me choca não é que a mulher apareça como sexualmente emancipada, mas que a única imagem a que se tem acesso remeta para o magro, o belo e o jovem», referiu.

A docente da academia minhota explicou que não estão em causa «campanhas isoladas», mas um ambiente permanente, que faz a «perigosa» associação entre a beleza e a felicidade. «Definir a beleza como o caminho para a felicidade é perigoso», declarou.

Em seu entender, é «uma desculpa esfarrapada» dizer que não nos devemos preocupar com essas imagens, uma vez que elas são artificiais. «Há biliões e biliões de dólares que são gastos na área da estética», vincou. Por outro lado, lembrou que «a noção do que é socialmente aceitável acaba por ser condicionada ao longo do tempo e por ter consequências».

Foto Sylvie Oliveira

(Artigo publicado no Diário do Minho de 19/04/2008)

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