sábado, 29 de março de 2008

«Se Braga não está melhor é pela incapacidade local»



“Conversa improvável” juntou História e Economia



A região de Braga tem um posicionamento geográfico que lhe permite aspirar a ser, tal como aconteceu no passado, uma centralidade no noroeste peninsular. No entanto, o caminho para a prosperidade exige a valorização do património, algo que tem sido descurado. A cidade, à semelhança do país, precisa de elites menos acomodadas e de uma população com mais formação e com espírito competitivo.

Este quadro foi traçado pelo arqueólogo Sande Lemos e pelo docente de Economia Fernando Alexandre, na segunda “Conversa Improvável” promovida pelo Café Blogue, que decorreu, no dia 25 de Fevereiro à noite, no Espaço Cultural Pedro Remy.

O antigo presidente da Unidade de Arqueologia da academia minhota defendeu que «os centros de decisão não estão totalmente em Lisboa» e que «se Braga não está melhor é pela incapacidade local». «As regiões têm muito poder, mas resignam-se. Braga e o Minho não se podem resignar» afirmou.

Sande Lemos alertou para o facto de o domínio “Bracara Augusta” ainda não ter sido registado pela Câmara ou pela Universidade do Minho, pelo que agora, quando se faz uma pesquisa deste termo, aparece a indicação de uma albergaria.

Em seu entender, «a marca é o primeiro problema», pelo que se deve estabelecer «um consórcio» que seja responsável pela sua promoção. «Há muita informação científica que não é suficientemente usada e difundida. Não há uma indústria do património em Portugal. O património é visto como um ornamento, o que é uma perspectiva errada. Espanha, ao contrário de nós, tem uma estratégia para o património», declarou.

Como exemplos da actuação local, este académico referiu o caso do Museu D. Diogo de Sousa, que era «considerado um elefante branco tanto em Lisboa como em Braga», e o facto de o projecto de Leite de Vasconcelos para a Fonte do Ídolo ter demorado 102 anos a ser concretizado. Em seu entender, deve haver um investimento para «criar uma imagem forte e a longo prazo da cidade» de Braga, para aumentar o turismo e para oferecer uma «atmosfera cultural» interessante a quem vem de fora, nomeadamente para os que vão chegar por causa do Instituto de Nanotecnologia.

(Publicado no Diário do Minho de 27/02/2008)

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