Reflexões em torno da comunicação, nas suas mais variadas formas, e não só. Um exercício de cidadania. Por uma jornalista, que será sempre a culpada. Pelo menos por aqui...
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Cretinos
Ao contrário de muita gente, não mudo de canal nos intervalos publicitários, porque eles podem ser bem mais interessantes do que alguns programas que as nossas televisões passam.
Há quem lamente o dinheiro que gasta com revistas porque muitas páginas são ocupadas por anúncios. Acho que são justamente alguns desses anúncios que justificam o preço que se paga, uma vez que os artigos são frequentemente mais do mesmo.
Em suma, gosto de publicidade.
Há anúncios que são hinos à criatividade, concretizados com superior qualidade técnica. São obras de arte (alguns aqui, aqui ou aqui). Só que, lamentavelmente, muito do que por aí anda é mau. Terrivelmente mau. Para ajudar a distingui-los até há formação para as crianças (aqui e aqui)...
Há campanhas que são simplesmente más, porque não têm qualquer criatividade ou porque têm erros básicos, acabando por passar despercebidas ou alvo de críticas mais ou menos inócuas em meios restritos. Essas não me preocupam.
O que me enerva são as campanhas cretinas. Irritam-me aquelas que até têm um orçamento confortável, equipas de publicitários com nome no mercado e condições técnicas para executar um produto de qualidade, mas que pecam por um problema de base: reproduzem estereótipos preconceituosos, acabando por ofender os potenciais consumidores.
Os coros de protestos acabam por se fazer ouvir, mas há empresas que ainda acham que quanto mais se falar da marca, seja bem ou mal, melhor. Algumas são autistas, recusando-se a ouvir o que os clientes têm a dizer. Parece que falam umas para as outras, como se os consumidores fossem actores dispensáveis. E há as que se julgam muito engraçadas, mesmo quando têm um sentido de humor discutível.
É aí que os consumidores têm uma palavra a dizer: vão dar dinheiro a ganhar a empresas que os insultam?
Pela minha parte, jamais comprarei um carro que faz um em que um homem devolve a noiva ao pai como se de um objecto danificado se tratasse. Da mesma forma, pensarei duas vezes antes de ir a uma loja que chama parvos a pelo menos 80 mil portugueses (aqui, aqui e aqui), embora haja quem discorde.
Vamos mostrar de uma vez por todas o nosso desagrado às empresas cretinas? Basta não comprar...
(Versão do artigo publicado no Diário do Minho de 26/02/2008)
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