O médico interno de Psiquiatria João Bessa afirmou que se tem verificado o aumento de alguns tipos de psicopatologias. No entanto, ressalvou que é preciso ter cuidado na interpretação dos números, uma vez que este crescimento também poderá estar relacionado com a atenção redobrada na identificação destes casos e não apenas com as vivências urbanas.
«Nem todas as doenças têm aumentado. Apenas têm aumentado aquelas que são influenciáveis pelo meio ambiente (neuroses), em que se incluem a depressão e a ansiedade. O outro tipo (psicoses) não tem variado consideravelmente, pois está mais relacionado com factores genéticos e endógenos», explicou.
O também docente da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho defendeu que o «estilo de vida em meio urbano condiciona factores relacionados com o stress, que estão implicados na etiologia dessas psicopatologias e determinam o curso das mesmas».
«O estilo/ritmo de vida citadino é potencialmente mais stressizante e psicopatologias 9como a depressão e ansiedade estão associadas ao stress», frisou.
João Bessa falou também da questão da taxa de suicídio ser significativamente mais elevada em algumas regiões do país do que noutras.
Em seu entender, o facto de se registarem mais suicídios no Alentejo tem a ver com a dispersão da população, com o isolamento e a solidão, mas também com a noção de família – no Norte há um sentimento mais gregário – e com a importância da religião (a ligação à religião, que dá «directivas orientadoras em relação ao suicídio», é mais significativa no Norte).
Questionado sobre a importância da exposição solar no surgimento de determinadas patologias, o médico lembrou que, nos países escandinavos, uma das formas terapêuticas é a utilização de luz artificial.
(Publicado no Diário do Minho de 30/01/2008)
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