«Em vez de nos assustarmos de forma quase histérica com o que hipoteticamente a net está a fazer aos nossos filhos, deveríamos era perceber que para eles esta é uma ferramenta sem a qual a vida não será possível num futuro muito próximo. Mas não. Um grupo de adolescentes combina encontrar-se para se suicidar em conjunto? A culpa é da net. As crianças já não querem ler? A culpa é dos jogos da net. Com este discurso esquecem-se dos horizontes que a net já abriu aos filhos. Até cursos superiores é possível hoje tirar com recurso apenas à Internet. Claro que a Internet também tem riscos e desvantagens. E também é verdade que nos leva para uma nova dimensão de perigos com os quais não estávamos habituados a lidar. Que não serão maiores nem muito diferentes dos perigos do mundo. [...] Os problemas surgidos através da net também poderiam emergir por qualquer outro canal. São problemas de solidão, angústia, de incapacidade de comunicação, de compreensão. São problemas familiares, amorosos, escolares, sociais. São, enfim, problemas da vida em sociedade. A grande diferença é que na net estes problemas vivem-se em silêncio enquanto os filhos estão sentados ao lado dos pais. E enquanto os dois mundos não forem comunicantes, a Internet será mesmo um problema.»
Sofia Barrocas
Notícias Magazine, 16/12/2007, pag. 5
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