sexta-feira, 1 de abril de 2011

As gravatas

O humorista Ricardo Araújo Pereira resumiu, no programa “Governo Sombra” da “TSF”, o que está em causa no actual cenário político: «Estão reunidas as condições para que o PSD possa ir aplicar exactamente as mesmas políticas, mas com outro tipo de gravatas». Isto no dia em que José Sócrates se demitiu, Passos Coelho apareceu frente às câmaras de televisão de gravata verde (sinónimo de esperança?) e Teixeira dos Santos elogiou a gravata azul com riscas prateadas de Bernardino Soares...

É, de facto, disso que se trata, pois Portugal chegou a uma situação em que não há quase margem de manobra para quem estiver no poder. O descalabro das contas públicas é de tal ordem – e ainda não temos noção da real dimensão do problema – que algumas medidas vão ter de ser tomadas, por mais impopulares e duras que sejam. Os parceiros europeus já deixaram isso bem claro.

Poucas horas depois da demissão de José Sócrates, na “obrigatória” deslocação a Bruxelas para explicar a Angela Merkel a trapalhada que anda por este quadradinho, Passos Coelho admitiu o aumento do IVA. Esta é apenas a indicação do que por aí vem, independentemente de que quem estiver à frente do «governo regional de Lisboa», como lhe chamou Ana Sá Lopes, no “i”.

Neste tempo de vacas esqueléticas, em que existe um grande descontentamento em todos os quadrantes da sociedade, importa que, pelo menos uma vez, os políticos tenham a hombridade de traçar um quadro realista aos portugueses e de actuar com sentido de responsabilidade. E que, neste período pré-eleitoral, governo e oposição tenham o bom-senso de não tornar o país ainda mais ingovernável. Como disse Ricardo Araújo Pereira, ainda antes da queda do governo, percebe-se que todos queiram eleições, o que não se percebe é porque é que alguém quer ganhá-las...

O actual contexto contém todos os ingredientes para o surgimento de soluções mais extremistas, que podem ter sérias consequências para o futuro do país. Pode-se dizer que o voto de descontentamento em José Manuel Coelho, nas Presidenciais, ou nos Homens da Luta, no inócuo e bolorento Festival da Canção, são apenas diatribes para o anedotário nacional. Mas a verdade é que são sinais de que o povo português está farto desta forma de fazer política, em que realmente só muda a gravata, pois, citando os Mão Morta, «há já muito tempo que nesta latrina o ar se tornou irrespirável». E a manifestação do passado dia 12 de Março foi muito mais do que um protesto geracional; foi uma prova de que as pessoas estão à beira de perder a paciência. Depois não digam que não houve avisos...

[Publicado no Diário do Minho, 27 de Março de 2011]

3 comentários:

M. disse...

Só me vem à cabeça a canção de Jorge Palma: "Ai Portugal Portugal, De que é que tu estás à espera"...
Bjsss,
Madalena

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