sexta-feira, 11 de março de 2011

Mais e melhor voluntariado

Em 2011 assinala-se o Ano Europeu das Actividades de Voluntariado que Promovam uma Cidadania Activa, um tema que não poderia ser mais pertinente quando a nossa sociedade dá sinais alarmantes de ser profundamente desumana.

Este ano europeu pretende «reduzir os obstáculos ao voluntariado na União Europeia»; «promover e capacitar as organizações de voluntários e melhorar a qualidade do voluntariado»; «reconhecer o trabalho voluntário»; e «sensibilizar as pessoas para o valor e a importância do voluntariado».

O voluntariado desempenha um papel relevante nas mais variadas áreas, pelo que importa reconhecer-lhe a importância social que tem. A nossa sociedade seria seguramente muito pior sem o esforço das pessoas de todas as idades e condições sociais que dão o seu tempo e esforço em prol dos outros.

Segundo o Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, Portugal terá cerca de um milhão e meio de voluntários, entre activos e “esporádicos”. Já o Eurobarómetro indica que mais de 100 milhões de europeus estão actualmente envolvidos em actividades voluntárias, um número que é considerado insuficiente pela União Europeia.

Este ano é, por isso, importante para mostrar que todos podem dar o seu contributo, pois é possível fazer voluntariado em diversas áreas, desde o apoio social, à defesa da natureza ou do património, tirando partido das competências e gostos pessoais de cada um.

É igualmente uma oportunidade para mostrar que o voluntariado obriga a assumir um compromisso por parte de quem faz, mas também por parte das instituições. Cada vez mais se exige a qualificação do voluntariado, pelo que é necessário que as instituições apostem na formação dos voluntários e na sua integração nas rotinas organizacionais.

No entanto, este é também um tempo para estar vigilante em relação à forma como as organizações usam o trabalho voluntário. Uma notícia sobre o Banco do Voluntariado – uma plataforma que tem por objectivo «servir de ponto de encontro entre a procura e a oferta de trabalho voluntário» – dá conta de que há «empresas com pouca capacidade para pagar ordenados» que aproveitam o trabalho gratuito dos voluntários.

Seria extremamente perverso se as empresas passassem a substituir os trabalhadores por voluntários, alguns deles no desemprego ou jovens a tentar entrar no mercado laboral. «As pessoas precisam de dinheiro. O voluntariado não pode, nunca, substituir um emprego. Era injusto para o mercado de trabalho», alertou, e muito bem, a presidente desta organização, Isabel Jonet.

[Publicado no Diário do Minho,15 de Fevereiro de 2011]

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