quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mais criatividade, menos despesa

© Luísa Teresa Ribeiro

Há uns dias, numa loja, ouvi uma idosa a dizer que não ia ter dinheiro para pagar uma conta, depois de ter dado algumas notas para que uma jovem com ar arrogante pudesse comprar um blusão de couro. Embora sem conhecer as pessoas e a história que estava por detrás daquele desabafo, não pude deixar de me sentir incomodada com a tristeza com que a senhora humilde ficou a olhar para a carteira vazia.

É que este episódio é revelador do espírito consumista e egoísta em que vivemos, no qual a pressão para estar na moda se sobrepõe a quase tudo.

Especialmente nesta época, em que se aproxima o Natal, intensificam-se os apelos consumistas, fazendo com que se subverta a verdadeira essência desta quadra. Os shoppings e as lojas há muito que começaram as suas operações de charme aos potenciais clientes. As campanhas publicitárias multiplicam-se, começando a ofensiva comercial cada vez mais cedo. Num breve olhar pelas bancas das revistas, verifica-se que muitas já apresentam as edições especiais com sugestões para prendas, toilettes de Natal, decoração da casa e tudo o mais que se possa imaginar para comprar, comprar e comprar.

Um estudo apresentado pela consultora Delloite revela que, este Natal, os portugueses prevêem gastar uma média de 575 euros, o que significa uma redução em 6,3 por cento nos gastos em relação ao ano passado. De acordo com a 13.ª análise anual da Deloitte sobre as intenções de compra dos europeus na época do Natal e passagem de ano, levado a cabo em 19 países, mais de 90 por cento dos portugueses tencionam oferecer menos presentes, prendas mais baratas e úteis. Mas, mesmo assim, ainda é um gasto demasiado elevado...

A redução na despesa deve ser também uma preocupação das entidades públicas, tão habituadas a desbaratar o dinheiro dos contribuintes. Sem negar que as cidades ficam bonitas com as iluminações e que o comércio parece ganhar com a animação natalícia, a actual conjuntura económica obriga a que os responsáveis pela administração do erário público tenham bom senso nos gastos, coisa a que não estão acostumados.

Daí que faça todo o sentido um movimento que, com uma página no Facebook, apela «à administração local, às empresas privadas e aos cidadãos para que se contenham nas despesas com as iluminações de Natal este ano». «Pensem em formas criativas de celebrar o Natal com o mesmo brilho, mas com menos custos», este é um sábio conselho, que todos devem aproveitar.

[Publicado no Diário do Minho, 14 de Novembro de 2010] 

3 comentários:

esqueci a ana (ex-ana) disse...

Concordo.
Vou visitar o FB indicado.

esqueci a ana (ex-ana) disse...

oooops! o link parece ir para uma página pessoal (RF)...
Mas irei procurar

Luísa Teresa Ribeiro disse...

Julgo que já está correcto. Obrigada pelo alerta para o erro.