terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dar de comer a quem tem fome

© Rodrigo. Imagem tirada daqui.

A crise é uma palavra que entrou no nosso vocabulário diário e veio para ficar. Não estamos a falar de algo abstracto ou longínquo, mas de uma realidade com repercussões concretas na vida das pessoas, que se vêem confrontadas com aumento de impostos, desemprego, cortes nos salários e desaparecimento de algumas regalias sociais.

Estes tempos difíceis que vivemos mostram que o Estado e muitas famílias vivem muito acima das suas reais possibilidades económicas, gastando o dinheiro que não têm.

O mais escandaloso é que o Estado, que se prepara para sugar ainda mais os recursos das pessoas e das empresas que trabalham, continue a desbaratar o dinheiro em coisas supérfluas. Alguns dos gastos do Estado são mesmo uma afronta a quem paga impostos, por isso é surpreendente que as pessoas não expressam essa revolta de forma mais enérgica.

Há também famílias que se queixam de dificuldades para equilibrar o seu orçamento doméstico que continuam a querer manter o nível de vida a que se habituaram, com direito à compra de vestuário, calçado e acessórios de marcas que praticam preços com muitos zeros, carros topo de gama, viagens para destinos caros e outras mordomias.

Esta é, portanto, uma excelente oportunidade para todos aprendermos a viver com mais realismo, adoptando estilos de vida adequados aos rendimentos que temos. Mas esta é igualmente uma oportunidade para prestarmos mais atenção a quem está à nossa volta e pôr a solidariedade em prática.

É que não nos podemos esquecer que há muitas pessoas que passam realmente necessidades e que precisam de apoio para poderem sobreviver. Tal como têm alertado as instituições que trabalham no terreno, como a Cáritas ou as Conferências Vicentinas, há cada vez mais casos de pobreza envergonhada, que precisam do nosso olhar atento.

No Dia Internacional para a Eliminação da Pobreza, a Cáritas Arquidiocesana promoveu uma marcha pelas ruas de Braga, em que alertava para o papel que cada um pode dar para travar o previsível aumento das situações de pobreza. Mesmo que seja com pequenos gestos, não nos podemos demitir de dar o nosso contributo, porque a fome ainda existe e a pobreza não pára de aumentar.

A Cáritas de Braga promove uma recolha de alimentos a 30 e 31 de Outubro, no Continente de Braga, para fazer face ao aumento de pedidos. Já o Banco Alimentar contra a Fome realiza nos dias 27 e 28 de Novembro mais uma campanha de angariação de géneros alimentares nos supermercados do distrito. Estas são duas boas oportunidades para mostrarmos que nos preocupamos em dar de comer a quem tem fome.

[Publicado no Diário do Minho, 25 de Outubro de 2010] 

1 comentário:

M. disse...

É bem verdade, Luísa! Se, por um lado, há quem nunca tenha aprendido a poupar, também há muita gente que já não consegue esticar mais a corda.
Bjsss,
Madalena