quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um país de bons vinhos

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O Presidente da República homenageou no passado mês de Maio a fileira do vinho, destacando que este sector é «bom para a economia», «turismo» e para «aumentar o prestígio do país através das exportações», gerando anualmente «quase 900 milhões de euros, o que representa cerca de 17 por cento do valor global da produção do ramo agrícola».

Apesar desta importância, segundo o Instituto da Vinha e do Vinho, vários estudos feitos a nível internacional revelam que «Portugal tem uma clara ausência de imagem enquanto país produtor de vinho de qualidade». Daí que tenha sido lançada a marca “Vinhos de Portugal/Wines of Portugal” que, de acordo com a AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, tem como meta «contribuir para o aumento do valor das exportações em 10 por cento, no prazo de cinco anos». O Instituto da Vinho e do Vinho cifra em cerca de 75 milhões de euros o montante total de apoio destinado à promoção dos vinhos portugueses no período 2009-2013.

Seguindo esta estratégia, a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes vai investir este ano cerca de 1,5 milhões de euros na promoção nos mercados externos, depois de ter registado um crescimento de cerca de 3 por cento nas exportações em 2009. Contudo, as acções a nível interno não são descuradas, estando no terreno, até 19 de Agosto, a tradicional iniciativa de divulgação do vinho verde nas principais praias portuguesas.

Não esquecer o mercado português é importante porque ninguém pode ser bom embaixador daquilo que não conhece e não aprecia. E há muito trabalho a fazer a nível interno, a começar por questões básicas como por exemplo o aumento dos conhecimentos do sector da restauração acerca dos vinhos nacionais. Há casos em que um menu fantástico é acompanhado com uma carta vinhos miserável, em que um pedido de sugestão sobre o vinho mais adequado para acompanhar determinado prato obtém como resposta um encolher de ombros sinónimo de “não percebo nada disso” ou em que o vinho é mal servido. E para não falar dos preços absurdos que muitos estabelecimentos praticam, afastando potenciais clientes e levando quem não conhece a realidade nacional a acreditar que só os ricos podem beber vinho...

Estas são questões nas quais vale a pena pensar, numa altura em que se aposta na conquista dos mercados internacionais e em que o programa “Prove Portugal”, desenvolvido pelo Turismo de Portugal, pretende “vender” o nosso país como destino para viagens de gastronomia e vinhos, sob pena de estarmos a construir a casa pelo telhado.

[Publicado no Diário do Minho, 2 de Agosto de 2010]

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