O período de estágio – quer curricular quer profissional – deveria ter benefícios mútuos. Para o estagiário, representa a entrada no mercado de trabalho, com a possibilidade de confrontar as aprendizagens dos bancos da escola com a realidade laboral, de mostrar o seu valor e de conseguir experiência e contactos para o desenvolvimento da sua carreira. Para a entidade acolhedora, significa contar com mais uma pessoa na sua equipa, com novos conhecimentos e com um olhar mais distanciado, que poderá aproveitar para melhorar o funcionamento interno, bem como a possibilidade de contratar profissionais promissores em início de carreira.
Um verdadeiro estágio implica investimento por parte da instituição receptora, que tem de disponibilizar alguém da sua equipa para acompanhar o estagiário de maneira a que ele evolua, mas também para aproveitar o que ele pode dar à organização.
A realidade é que os estágios, ao invés disso, transformaram-se numa forma que algumas empresas encontraram de ter mão-de-obra barata ou mesmo gratuita. Vão rodando estagiários ou acenando com a possibilidade de integração no quadro de pessoal para ir prolongando o período de “experiência”. As pessoas aceitam estas condições porque, para muitas, esta solução de recurso é a possibilidade que têm de se manterem activas na área onde pretendem trabalhar.
À semelhança dos falsos recibos verdes, a proliferação destas situações exige a denúncia pública das entidades que reiteradamente recorrem a este expediente, que acaba por configurar concorrência desleal em relação àquelas que cumprem os seus encargos com um quadro de pessoal e por contaminar o mercado laboral, contribuindo para o abaixamento dos salários e para a precarização das relações laborais.
Por outro lado, os jovens que estão a iniciar o percurso profissional devem avaliar bem o caminho que querem fazer, analisando as opções que têm à sua frente: nem sempre os estágios nas empresas com nomes mais sonantes, com as quais todos sonham, são a opção mais acertada.
[Publicado no Diário do Minho, 8 de Dezembro de 2009]
1 comentário:
Enfim, haja lata...
Enviar um comentário