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O nome de Filippa Hamilton correu o mundo graças a um anúncio da Ralph Lauren: a supermodelo aparece com um corpo de tal forma magro que a cabeça é maior do que as ancas. Para além de ter emagrecido exageradamente a silhueta da manequim com o programa informático Photoshop, a empresa pôs fim, no passado mês de Abril, a uma ligação laboral de sete anos, alegando a «incapacidade da modelo para cumprir as suas obrigações contratuais». Na prática isto significa que a franco-sueca «tinha engordado muito e não cabia nas roupas». A “top model” tem 55 quilos e mede um metro e setenta e sete.
Não é preciso ir além-fronteiras para ver casos em que o peso se torna motivo de notícia. Ainda há pouco tempo uma revista questionava se Alexandra Lencastre estava gorda ou grávida, obrigando a actriz a explicar os motivos pelos quais engordou. Posteriormente, a intérprete de Patrícia de Castro Mota em “Meu Amor”, da TVI, informou que já estava a fazer dieta e prometia chegar ao fim da novela «pronta para vestir um belo vestido de noiva».
Na memória ainda está também fresco o caso de Rita Pereira, que emagreceu de tal forma para dar vida a Alice, em “Feitiço de Amor”, que vieram a público suspeitas de anorexia, negadas pela actriz. Ou o das jovens intérpretes de “Morangos com Açúcar” que tiveram de “encolher” para poderem participar nos episódios de Verão desta série juvenil.
O mais perturbador é que episódios como estes não são exclusivos do mundo da moda ou de quem tem a imagem física como objecto de trabalho. Num tempo em que o número de obesos está a aumentar, a preocupação com o peso e com a imagem corporal tornou-se numa obsessão, não por uma questão de saúde e qualidade de vida, mas porque é preciso encaixar num padrão imposto por uma “máquina” de homogeneização global, que funciona até para os aspectos mais íntimos. No mínimo, é obrigatório ser-se belo, magro e eternamente jovem, o que significa, na maior parte dos casos, viver num estado de permanente infelicidade devido à impossibilidade de atingir tal objectivo. E gastar dinheiro, gastar muito dinheiro...
É preciso perceber de uma vez por todas, e sem que seja necessário que o tema volte a saltar para a ordem do dia devido à morte de mais alguém famoso por causa da anorexia, que a extrema magreza não é sinónimo de felicidade. Muitos dos corpos esqueléticos que vemos – e chegamos ao absurdo de olhar para eles com uma nesga de inveja – são fruto de regimes alimentares incorrectos e de cargas brutais de exercício físico, que são tudo menos saudáveis.
Muitas das imagens com que somos diariamente bombardeados pura e simplesmente não são reais. O caso da Ralph Lauren pôs em evidência que quando nem sequer as modelos conseguem encaixar no padrão estabelecido o seu aspecto é retocado: a gordura, as rugas, as estrias, os pêlos, os cabelos brancos e tudo quanto possa manchar a alegada imagem da perfeição é eliminado. Só que na realidade tudo isso existe e faz parte da vida...
[Versão de texto publicado no Diário do Minho, 24 de Outubro de 2009]
2 comentários:
No fundo, é tudo uma questão de auto-estima.
Bjs,
M.
Texto interessante sobre...a falta de cabeça! E claro que a culpa não é dos jornalistas!
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