segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Patromónio vivo


© Mosteiro de Tibães, imagem retirada daqui.

Depois de um investimento de 15 milhões de euros e de duas décadas de intervenção, o Mosteiro de Tibães, em Braga, está a ganhar uma nova vida, com a instalação das missionárias Donum Dei, que vão gerir uma hospedaria e um restaurante, já a partir do próximo mês.

A recuperação da antiga casa-mãe dos Beneditinos em Portugal configura um bom exemplo da intervenção no património, não apenas pela duração do projecto, que ultrapassou vários ciclos políticos e económicos, mas também pela ligação à comunidade, visível pela manutenção da igreja aberta ao culto durante as obras ou pela realização de visitas ao estaleiro.

A instalação de uma comunidade religiosa marca agora uma nova etapa deste processo, na medida em que permite dar vida a um local cujo passado está inegavelmente ligado à fé e à cultura. A presença desta comunidade religiosa resgata a alma daquele espaço monástico e potencia um património que vai muito para além do edifício.

O desafio que se segue – tal como foi apontado recentemente em Braga pelo ministro da Cultura – é trabalhar em rede com outros equipamentos da zona Norte, afirmando-se como um exemplo para outros espaços culturais.

Esta intervenção tem o condão de nos lembrar que somos um país com um vasto património, onde muito há a fazer pela sua recuperação. Esta é uma questão fundamental, não apenas pela salvaguarda da nossa memória histórica, mas também pelo retorno monetário que este investimento poderá ter, com a atracção de cada vez mais turistas.

Numa sociedade demasiado habituada a que o Estado resolva todos os problemas, existe muitas vezes a tentação de aguardar de mão estendida a chegada das verbas milagrosas. Como os recursos públicos não são infinitos, e muito menos num período de recessão económica, em que é preciso uma hierarquização rigorosa de prioridades, a comunidade também é chamada a dar o seu contributo para a preservação do património.

A região tem bons exemplos desta atitude pró-activa: o Museu de Alberto Sampaio, em Guimarães, chamou os mecenas a ajudarem na recuperação dos frescos e o Movimento Mais Congregados meteu mãos à obra para que fosse possível avançar com a intervenção na basílica bracarense. Os resultados falam por si.

[Publicado no Diário do Minho, 21 de Setembro de 2009]

1 comentário:

M. disse...

Que bem escreves ;)