terça-feira, 28 de julho de 2009

Vou lançar uma petição


Neste Verão, o tempo anda a pregar-nos algumas partidas. A chuva e o frio dificultam a vida de quem gostaria de gozar uns dias de descanso ao sol ou de fazer os negócios típicos da época estival. Este é um cenário inadmissível, a exigir que se lance uma petição a pedir medidas urgentes a quem de direito para que o bom tempo regresse imediatamente.

Acha ridículo? Sim, esta seria uma ideia disparatada, mas não muito diferente de algumas petições online, que agora surgem como cogumelos. As petições são excelentes instrumentos de participação, que a Internet veio potenciar, devido à facilidade de lançamento e de recolha das assinaturas. Contudo, justamente devido à simplicidade do processo, corre-se o risco de cair na sua banalização. Por tudo e por nada, lá surge uma petição, que muitas vezes se assina de cruz. Palavras mágicas como “liberdade”, “censura”, “discriminação” ou “direitos de...” levam a que se subscrevam textos com reivindicações que têm alcances sobre os quais não reflectimos. Nem nos apercebemos de que este ímpeto de “peticionar” sem raciocinar sobre o que está em causa pode ter efeitos muito perniciosos.

O mesmo se passa com as mensagens de correio electrónico que diariamente dão conta de alegados crimes cometidos por imigrantes, de eventuais efeitos nefastos para a saúde de determinados produtos ou de apelos para as mais diversas dádivas: reenviamos sem questionar a sua veracidade.

Não é pelo facto de o autor da petição ser um “conhecido” das redes sociais que a causa é necessariamente justa. Não é pelo facto de a informação nos ter sido reenviada por um amigo que ela é verdadeira. Não é pelo facto de tudo se passar online que a nossa responsabilidade diminui.

É o nosso nome que é colocado no fim de um texto, a subscrever determinadas alegações. Somos nós que estamos efectivamente a contribuir para a disseminação de informação que não temos o cuidado de verificar se é verdadeira ou não. Por isso, devemos ter o cuidado de pensar antes de agir. Sempre.

[Publicado no Diário do Minho, 25 de Julho de 2009]

1 comentário:

M. disse...

...e eu vou assiná-la!!!