A Associação Académica da Universidade do Minho foi a votos. Três candidaturas disputaram a liderança da D. Pedro V, à falta da tão desejada nova sede.
Mais do que o resultado eleitoral, a grande questão que se punha era a de saber qual seria a taxa de abstenção depois dos 85 por cento de 2007, dos 80 por cento de 2006 e dos 75 por cento de 2005, segundo dados do ComUM – Jornal dos Alunos de Ciências da Comunicação. O número de votos acabou por aumentar, mas a abstenção não descolou da casa dos 85 por cento.
A esmagadora maioria dos cerca de 15 mil estudantes da academia minhota virou, assim, as costas à participação num momento especialmente complicado para o mundo universitário, a braços com desafios como os que são colocados pela falta de verbas, pela implementação do novo modelo de gestão das instituições de ensino superior ou pelas ondas de choque do Processo de Bolonha.
Este valor é particularmente relevante porque surge já depois de a Universidade do Minho ter anunciado que vai fechar as portas entre 21 de Dezembro e 4 de Janeiro para poupar o dinheiro que é necessário para o pagamento de salários. Esta é uma medida com um forte valor simbólico, chamando a atenção para as insuficiências do actual sistema de financiamento do ensino superior.
A fraca afluência às urnas tem de ser enquadrada noutros indicadores que revelam um preocupante alheamento por parte de muitos estudantes em relação à universidade onde estudam e à realidade social em que se inserem.
Esta indiferença, que contrasta com a forte adesão a iniciativas de carácter lúdico, regadas com uma grande quantidade de álcool, acaba por tirar credibilidade às tradicionais reivindicações estudantis, que se traduzem no cliché do não às propinas e no pedido da melhoria da qualidade do ensino.
Num cenário de fragmentação do espaço público, a questão da participação cívica dos jovens universitários é demasiado importante para continuar a ser ignorada. Há sinais que mostram que é urgente reflectir sobre o actual modelo de associativismo, o papel dos estudantes e as formas de intervenção. Para início de conversa, que tal começar pela distribuição de uma grade de cerveja?
[Artigo publicado no Diário do Minho de 16 de Dezembro de 2008]
1 comentário:
É uma grande sugestão, chefe!
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