quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Belém aqui

Veio de longe, da terra do pó.
Veio clandestino e só,
à procura do pão.

Veio fugido das bombas
do império
que escorraça as pombas.

Veio marcado pelo ferro
das palavras clandestinas,
por detrás dos muros
onde pensar é erro...

Veio de qualquer lado,
vizinho daqui;
e ei-lo despojado...

Não tem lugar:
apenas uma esquina
onde o acordeão
toca em sudina.

E as lágrimas escorrem
no som que diz:
"Noite Feliz!...."

João Aguiar Campos.
Anseios (2005), pag. 16.


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